CADÊ?

agosto 31, 2011

A César o que é de César*




Foto de autoria não identificada.


Por Sérgio Fausto




Jaques Wagner é um homem lúcido. Diante da queda de mais um ministro, o terceiro a deixar o governo sob acusações de corrupção, o governador da Bahia comparou o estilo da presidente Dilma ao de seu antecessor: "Ela é dura, o sistema dela é um pouco brutal". Já Lula seria "mais ‘palanqueiro’, talvez mais tolerante com as coisas".
Wagner chegou perto de dizer a verdade, mas não a disse por inteiro. A verdade inteira é que foi Lula quem construiu a coalizão de forças que está aí; quem deu passe livre para que seus integrantes, a começar pelo PT, usassem o Estado brasileiro como se fosse propriedade sua, acobertando o malfeito e dando proteção política aos malfeitores.
É frequente o comentário político de que os vícios que agora se revelam são resultado inevitável do funcionamento do presidencialismo brasileiro.
Atribui-se a culpa ao sistema, para isentar de responsabilidade o ex-presidente Lula. Não é verdade, porém, que um presidente esteja condenado a fazer o que fez o antecessor de Dilma Rousseff. Se o fez foi porque escolheu fazer.
No início de seu primeiro mandato, Lula recusou-se a aceitar um acordo preferencial com o PMDB, costurado por José Dirceu. Temia ficar refém de um grande partido e pôr em risco a hegemonia do PT na aliança. Preferiu armar sua base parlamentar com a adesão de pequenos partidos, anabolizados com a transferência de parlamentares e recursos financeiros, sob o patrocínio do Palácio do Planalto.
Cresceu assim o Partido da República (PR), então chamado Partido Liberal, agremiação controlada por Valdemar Costa Neto, cujas estripulias são hoje bem conhecidas.
Para encontrar espaço para enfiar tamanho saco de gastos no Executivo, Lula ampliou, de pouco mais de 20 para 35, o número de postos ministeriais e abriu as portas de empresas estatais e agências regulatórias ao loteamento político. No Congresso Nacional, mais especificamente na Câmara dos Deputados, seu governo passou a operar o esquema que viria a ser conhecido como "mensalão". Que Lula tenha alegado nada saber sobre o esquema não é moralmente desculpável, mas é da lógica política. Ter decidido travesti-lo com a roupagem de caixa 2 e se empenhado na proteção e posterior reabilitação política de boa parte dos envolvidos foi escolha sua.
Diante do susto do "mensalão", Lula resolveu dar ao PMDB o lugar de sócio privilegiado na aliança governista. O cuidado para não enfraquecer a posição do PT explica o zelo demonstrado na proteção política a "aloprados" de variada natureza e dimensão. Seria de esperar que reforçasse os mecanismos de controle dentro de seu próprio governo. Esses não são apenas institucionais. São também políticos e dependem fundamentalmente da autoridade do presidente e de como ele a utiliza.
Mas, como disse Jaques Wagner, que o conhece bem, Lula é "palanqueiro" e "tolerante".
A tolerância pode ser uma virtude política, e Lula a tem: não é homem de perseguir os adversários nem de se negar ao diálogo. Pode ser, porém, um enorme defeito, quando significar complacência com o mau uso dos recursos públicos. Palco de escândalo no primeiro mandato, a Empresa de Correios e Telégrafos foi entregue em seguida ao PMDB. Este deitou e rolou na estatal a ponto de exigir uma intervenção de emergência ao apagar das luzes do segundo mandato, já em plena campanha eleitoral, em face da iminência de um colapso em seus serviços. Outros partidos deitaram e rolaram em outras estatais (Infraero, por exemplo) e agências reguladoras (vide ANP).
Com a economia "bombando", em pleno "espetáculo do crescimento", Lula não pensava senão naquilo: agregar e manter apoios políticos para eleger a sua sucessora, empenhando-se pessoalmente na empreitada, não raro infringindo a legislação eleitoral e debochando de juízes que, cumprindo o dever, lhe aplicavam multas por transformar cerimônias oficiais em palanques eleitorais.
Dilma não se pode dar ao luxo de não ver ou aceitar prazenteiramente o modus operandi da coalizão de forças que a elegeu. Faltam-lhe as grandes qualidades e os defeitos superlativos de Lula. A economia não está mais "bombando". E "bombará" menos ainda, até onde a vista alcança, por mais que seja atenuado o impacto da crise internacional sobre o Brasil. Por ora, não há faxina alguma. Observam-se, sim, umas sapatadas aqui e acolá à medida que uma barata aparece na sala, na feliz imagem do jornalista Fernando Barros e Silva. E elas estão aparecendo não porque a presidente se tenha posto a caçá-las pela casa, mas porque há uma briga de punhais dentro da aliança governista - ou não foi o irmão do senador Roberto Jucá, líder do governo no Senado, quem primeiro acusou o recém-caído ministro da Agricultura? - e porque a imprensa e alguns órgãos de Estado estão cumprindo o seu papel. Conseguirá a presidente rearticular a sua base de apoio político sem coonestar o modus operandi da aliança que foi funcional para a sua eleição, mas ameaça gravemente a qualidade do seu governo?
Uma coisa é certa: o rei está nu. Lula não inventou o sistema político brasileiro, não criou o fisiologismo nem deu origem à corrupção. Tudo isso já existia antes de ele assumir a Presidência. Mas nada do que se está vendo - na escala, na extensão e na profundidade que se revelam - deixa de ter a sua marca registrada.
A honestidade intelectual me impede de dizer sobre o governo Lula o que ele próprio e seu partido disseram sobre o governo Fernando Henrique Cardoso. O antecessor de Dilma Rousseff e seu governo têm qualidades. Deixaram-nos, porém, esta, sim, uma herança maldita: a corrupção sistêmica e disseminada no setor público federal; o aparelhamento do Estado, em níveis que há muito não se viam, incluindo ministérios cruciais, agências regulatórias e empresas estatais; a desmoralização do sistema partidário; e o debilitamento do próprio PT, agora tutelado por sua "majestade".
Ou nos livramos dessa herança ou seremos tragados por ela.

* Publicado no Estadão de domingo, 28,  e aqui reproduzido com autorização do autor.

agosto 27, 2011

agosto 19, 2011

Então, tá




Jota A


Charge: Jota A,
publicada na quinta-feira, 18, em seu blog.


Haroldo de Campos


Foto de autoria não identificada.
Haroldo Eurico Browne de Campos, filho de Eurico de Campos e de Elvira Prado Browne de Campos, nasceu em São Paulo. Foi poeta, ensaísta, crítico e tradutor.
Estudou, de 1942 a 1947, no Colégio de São Bento, lá aprendendo latim, inglês, espanhol e francês, seus primeiros idiomas estrangeiros. Em 1952, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. Doutorou-se, em 1972, em Letras pela mesma Universidade, sob orientação de Antônio Cândido. Foi professor visitante na Universidade do Texas (1971/1981) e na Universidade Yale (1978). Ensinou Semiótica e Literatura na pós graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Lançou O Auto do Possesso, seu primeiro livro, em 1949, quando, ao lado de Décio Pignatari, participava do Clube de Poesia. HaroldoDécio Pignatari e Augusto de Campos romperam com o Clube de Poesia, ligado à chamada Geração de 45, em 1952, e fundaram o grupo Noigandres, editando revista homônima. Em 1956, os três inauguraram o movimento concretista. Manteve-se fiel ao movimento até 1963, quando centrou as suas atenções no projeto do livro-poema Galáxias.
Traduziu autores como Homero, Dante, Mallarmé, Goethe, Mayakovski, Ezra Pound e James Joyce. Publicou vários ensaios de teoria literária, como A arte no horizonte do provável (1969). Dirigiu, até a sua morte, a coleção Signos, da Editora Perspectiva.
Faleceu, em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos.

É hoje!




agosto 11, 2011

Aviso aos navegantes



Este blog foi criado sem visar verbas públicas. Também não se pretendeu, com ele, obtenção de vantagem pecuniária privada, com a venda de publicidades. Assim é que, ao acessá-lo hoje, surpreendeu-se este blogueiro com publicidades diversas, em pop-up. Providências para extirpá-las serão, assim que possível, adotadas. Por enquanto, destina-se à meia dúzia de leitores deste blog recomendação de que as ignore, fechando-as.

Amarildo


Charge: Amarildo,
veiculada ontem em seu blog.


agosto 09, 2011

Sharon Tate


Foto de autoria não identificada.
Sharon Marie Tate, filha do Paul e Doris Tate, nasceu em Dallas.
Os seus primeiros trabalhos foram como modelo de comerciais, editoriais de moda e capas de revista, tornando-se uma das cover-girls mais conhecidas do país. Sharon começou a chamar atenção no mundo do cinema com sua aparição em Não Faça Onda (1967), uma comédia dirigida por Alexander Mackendrick, com Tony Curtis e Claudia Cardinale, pela sua beleza, o que a levou a atuar na comédia de humor negro A Dança dos Vampiros (1967), de Roman Polansky, com quem se casaria no ano seguinte. É também de 1967 O Vale das Bonecas, dirigido por Mark Robson, e roteiro baseado no romance homônimo de Jacqueline Sussan.
Sharon foi assassinada em sua casa, em Los Angeles, por integrantes da Família Manson, comandada pelo psicopata Charles Manson, enquanto seu marido se encontrava trabalhando na Europa. Morreu grávida de oito meses. Além de Sharon, foram assassinados o playboy Wojciech Frykowski, amigo de Polansky; o cabeleireiro Jay Sebring, amigo da atriz, e a socialite Abigail Folger.




Voe para Curitiba ou apenas pouse no Lado B




J. Bosco


Charge: J. Bosco,
veiculada hoje em seu blog, o Lápis de Memória.


Visite


Aperte aqui e vá para blog de HQ do mestre Amaral.


agosto 03, 2011

Parabéns pra você


Foto de autoria não identificada.


Lute


Charge: Lute,
veiculado no blog no autor e no Hoje em Dia.


Passagem: Ítalo Rossi


Foto de autoria não identificada.

Ítalo Balbo Di Fratti Coppola Rossi nasceu em Botucatu, São Paulo. 
Depois de uma pequena experiência no Teatro das Segundas-Feiras e no Teatro de Vanguarda, ingressou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), recebendo, já no primeiro espetáculo — A Casa de Chá do Luar de Agosto, de John Patrick, sob a direção de Maurice Vaneau —, em 1956, o prêmio revelação de ator da Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT). Em 1957, novamente foi premiado, agora como melhor ator, por sua atuação em Os Interesses Criados, de Jacinto Benavente, com direção de Alberto D'Aversa, que lhe dirigiu, no ano seguinte, em Vestir os Nus, de Luigi PirandelloUm Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller; e Pedreira das Almas, de Jorge Andrade
Em 1959 fundou, com Fernanda MontenegroSergio Britto e Fernando Torres, o Teatro dos Sete, sendo o espetáculo de estreia O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, sob a direção de Gianni Ratto. Foi, em 1960, novamente premiado por sua atuação em Com a Pulga Atrás da Orelha, de Georges Feydeau.
Ítalo Rossi, finda, em 1965, as atividades do Teatro dos Sete, voltou a atuar, no ano seguinte, em Os Amantes e A Coleção, ambas de Harold Pinter, dirigido por Flávio Rangel, na recém-criada Companhia Carioca de Comédia. Ainda em 1966, em Curitiba, protagonizou, também sob a diretor de Flávio RangelO Sr. Puntila e Seu Criado Matti, de Bertolt Brecht. Em 1967, estava em Oh, Que Delícia de Guerra!uma criação coletiva, com origem no trabalho da diretora inglesa Joan Littlewood sobre improvisações do londrino Theatre Workshop, sob a direção de Ademar Guerra.
Na década de 1970, atuou, entre outras, em Dorotéia Vai à Guerra, de Carlos Alberto RattonA Noite dos Campeões, de Jason Miller, recebendo por seu desempenho o Prêmio MolièreO Santo Inquérito, de Dias GomesOs Emigrados, de Slawomir Mrozek; e Os Veranistas, de Máximo Gorki.
Nos anos 80, os destaques, em teatro, foram Quatro Vezes Beckett (1985); Encontro com Fernando Pessoa (1986); e Encontro com Descartes e Pascal (1987). Ganhou, com esses espetáculos, vários prêmios de melhor ator.
Ítalo Rossi fez também cinema. O primeiro, em 1953, e o último em 2008. Alguns filmes: Uma Vida Para Dois (1953), com direção de Armando Miranda; O Homem dos Papagaios (1953), dirigido por Armando Couto; O Pão que o Diabo Amassou (1957), com direção Maria Basaglia; E o Espetáculo Continua (1958), de José Cajado FilhoParaíba, Vida e Morte de Um Bandido (1966), de Victor Lima; A Derrota (1967), de Mario Fiorani; Cara a Cara (1968), de Júlio Bressane; O Bravo Guerreiro (1968), de Gustavo Dahl; A República dos Assassinos (1979), dMiguel Faria Jr.; Doida Demais (1989), de Sérgio Rezende; A Grande Noitada (1997), de Denoy de Oliveira;Sexo com amor? (2008), de Wolf Maia.
Ítalo Rossi também fez televisão, com atuações, entre tantas, em A morte sem espelho (1963); Pouco amor não é amor (1963); Vitória  (1964); Sonho de amor (1964); Padre Tião (1965); Um gosto amargo de festa (1969); E nós, aonde vamos (1970); Jerônimo, o herói do sertão (1972); Bravo (1975); Vejo a lua no céu (1976); Escrava Isaura (1976); Sítio do Picapau Amarelo (1978); Brilhante (1981); Parabéns a Você (1983); Transas e Caretas (1984); Tudo em cima (1985); Chapadão do Bugre (1988); Araponga (1990); Olho no Olho (1993); Engraçadinha, seus amores e seus pecados (1995); Serras Azuis (1998); Esplendor (2000); Coração de Estudante (2002); Kubanacan (2003); Senhora do Destino (2004); Mandrake (2005); Belíssima (2005) e Toma lá, dá cá (2008).
Internado há dois dias no Hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro, não resistiu às complicações respiratórias. O seu corpo será velado hoje e sepultado, a partir das 16h00min., no Cemitério Municipal São Francisco Xavier (Caju), na zona portuária do Rio.